quarta-feira, 27 de julho de 2011

MINISTÉRIO DIACONAL



              A Salvação de Deus se realiza dentro de nossa vida humana e através de acontecimentos que nos ligam a Cristo e aos irmãos, de uma maneira concreta. O plano da Salvação de Deus, no seu amor para conosco, se realiza através de nossa história pessoal, com atos que realizam a salvação e significam uma salvação maior ainda para o futuro. Deus nos acompanha conforme crescemos, avançando desde o nascimento, passando pelas crises, até chegar finalmente à consagração total de nossa vida. Fatos da vida concreta, objetos de nossa realidade, simbolizam e realizam a salvação em nós, sempre numa visão mais ampla, mais sublime, voltada para o futuro, isto é, até chegarmos a ver Deus face a face. Salvação total e final significa chegar a Deus, vê-lo na comunhão universal com todos os nossos irmãos. Sim, pois o homem não será feliz e completo, sozinho.
                        As primeiras comunidades do nosso cristianismo viviam de forma unida e única na Missão de Jesus, que era a maneira de garantia de salvação. Os Apóstolos tiveram que sair a campo, se expor diante das autoridades da época, na pregação do Reino, conforme determinação de Jesus Cristo. Assim, obrigou-os a descartar toda forma de trabalho com a caridade, adotando assim um grupo de homens, de ilibada conduta e reputação, muita fé, para assumir esse trabalho.
                        Assim, dentro de um panorama geral, a história do ministério diaconal, desde a formação do primeiro grupo de sete homens, que passam atender os órfãos e viúvas do povo helenista. Esse ministério foi desenvolvido até a época de Constantino, século IV, quando então a religião cristã foi estatizada e a diaconia passou a ser dever do Estado e não mais dos cristãos ordenados. Após a Revolução Francesa, em 1789, quando a Igreja separa do Estado, houve algumas tentativas da Igreja praticar a caridade,  não dispunha dos diáconos, passou a reorganizar sua estrutura social, esfacelada ao longo do tempo.
                        Dentro dessa história, após o Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1965, o diaconato foi se recuperando, passando aparecer no Brasil, com suas diretrizes. Em outras Religiões também se pratica a diaconia, mas de forma um pouco distorcida e equivocada. A estrutura é a mesma da católica, mas o exercício do ministério é outro, provavelmente evitando um conflito com os Pastores.   
                        O Concílio Vaticano II, trouxe um novo horizonte para a diaconia, afim de evitar repetir o passado, aproveitando uma realidade nova, reestruturou esse serviço dentro de uma nova ótica. A diaconia é a grande dádiva de Deus, pois se direciona aos pobres, aos necessitados, as pessoas prejudicadas pela sociedade, que sempre buscam o poder, a riqueza e o status da grandeza. O ministério diaconal foi recuperado, ampliado e atualizado dentro da sociedade contemporânea.
                        Vamos perceber  que o diácono não é um serviçal, mas um grande colaborador do Sacerdote e da comunidade, onde está provisionado. Ele sempre trabalha em comunhão com o Sacerdote e o Bispo, para poder permanecer integrado no plano Pastoral da Diocese e assim, caminhar com o povo de Deus, em direção ao Reino prometido por Jesus. É aconselhável também que a família dele também esteja envolvida com a Igreja para que o testemunho seja mais completo.
                        O diácono carrega consigo a tarefa de ser sinal sacramental de Cristo Pastor e Cabeça da Igreja. Neste sentido pode-se afirmar que suas responsabilidades aumentam em relação aos demais cristãos e cristãs, quando a tarefa é aquela de contribuir para a construção de um mundo mais justo e mais fraterno. Seguindo a tradição da Igreja antiga, como é o caso, por exemplo do diácono São Lourenço (Padroeiro dos Diáconos), podemos afirmar sem dificuldade alguma que a opção pelos pobres, que deveria caracterizar sempre a verdadeira Igreja de Cristo, precisaria ter no diácono a expressão mais significativa e o seu mais ardente defensor. O cuidado, o zelo e a defesa dos mais pobres e dos excluídos é a forma mais concreta que o diácono encontra para assumir a dimensão social e política da vocação batismal. Com essas considerações deixam bem claro que é preciso refletir profundamente e com uma certa urgência o específico da vocação e missão do diácono, no mundo de hoje (cf Documento do CND, de 04/02/2007).
                        Portanto, a Igreja missionária e evangelizadora espera muito dos diáconos, quer no seu carisma, quer no seu dinamismo, porque são chamados e desafiados a viver e testemunhar na sociedade, a vida em Cristo. Ser diácono, não é apenas vestir a túnica e colocar a estola transversalmente, mas assumir a causa e a missão de Cristo, de forma total, porque, após a ordenação, com a imposição das mãos do Bispo,  não haverá mais volta ou arrependimento.


                                                                                              ACIR DE SOUZA
                                                                       Diácono Permanente – Arquidiocese de Sorocaba
                                                                           Paróquia Nossa Senhora da Piedade-Éden

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